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sexta-feira, 5 de junho de 2015

American Flatbow

Olá,
Estou tentando retomar a produção, consequentemente as postagens aqui no blog. Como comentei anteriormente, estou com problemas de tempo e local para trabalhar, daí o que era simples vai ficando complicado e os arcos não saem.

Ainda em uma fase mais primitivista, decidi aproveitar os bons resultados que obtive com o backing de couro crú no Longbow e decidi fazer o seu primo americano, menor e mais eficiente, o Flatbow, que é a base para a maioria dos arcos modernos.
Basicamente o flatbow primitivo é construído de forma bem parecida com o Longbow, uma peça de madeira, cortada respeitando a integridade dos anéis de crescimento, com a parte mais próxima da casca no back do arco e  a parte mais próxima do cerne no belly. A grande diferença entre eles reside não no tamanho do arco, embora em geral o flatbow seja mais curto, mas sim no formato da secção transversal das laminas do arco. No Longbow esta secção tem o formato da letra D, já no flatbow a forma se aproxima de um retângulo alongado com as quinas levemente arredondadas.
O formato do flatbow é mais eficiente, pois com a mesma quantidade de material ele mantém as faces do back (que sofre esforço de tração) e do belly ( que sofre compressão) bem mais próximas da linha neutra, reduzindo muito as tensões superficiais, porém mantendo as características elásticas da madeira usada.
Apesar de o formato do flatbow ajudar bastante no alivio das tensões superficiais (para comprovar isso basta tentar vergar uma régua de madeira e um lápis, e ver como o formato influencia) o flatbow ainda correria o risco de quebrar, então adiciona-se o backing que originalmente era de tendão animal ou couro. Pela falta de tendão optei pelo couro crú, a colagem, quem embora seja muito importante, neste caso é menos critica do que no caso do backing de bambu, pois o couro embora seja resistente é maleável e se amolda mais facilmente à superfície do back do arco. Neste caso uma boa cola de madeira dá conta do recado, mas também pode ser feito com a famosa titebond ou mesmo epóxi.




O arco ficou com aproximadamente 40 libras e 60 polegadas de comprimento. O punho foi revestido com couro camurça, costurado na área do back. A corda ainda não é definitiva, ele vai ganhar uma corda de dacron como ele merece. Os nocks são reforçados com madeira, mas penso em substituo-los por osso ou chifre para ganhar um ar mais primitivo. A flecha é apoiada sobre a mão ma hora do disparo, mas fiz uma proteção de couro na lateral do arco para não marcar nem as flechas nem o arco.



Para ele, montei um jogo mais leve com 12 flechas com diâmetro 5/16, pontas field de 100 grains, penas de 5pol e cresting personalizado. A uniformidade do jogo ficou boa e os agrupamentos estão cada vez melhores.

Espero que tenham gostado.

Bons tiros!

terça-feira, 14 de abril de 2015

English Longbow

         Em 8 de março realizou-se em Campos do Jordão a prova field de tiro com arco, prova que eu tive o prazer de participar. Em todos estes anos fabricando arcos para amigos e para uso próprio, tiros descompromissados e caça, eu jamais havia me preocupado em participar de nenhum tipo de competição. Mas por ter acontecido tão próxima de minha cidade, e tendo a oportunidade de curtir o fim de semana num bom chalé com a esposa e os filhos, achei ser uma perfeita oportunidade para me entrosar com o pessoal mais engajado no tiro, ver equipamentos diferentes, trocar conhecimentos e acima de tudo aprender o máximo possível. E neste quesito creio que consegui atingir meu objetivo na mosca.


         Também fiz bons amigos, que dentro do possível continuo mantendo contato via facebook.






         Utilizei neste torneio meu longbow tradicional, e não preciso mencionar que meu resultado foi no mínimo irrelevante. Mas saí um grande vencedor, por ter em um único dia atingido tantos objetivos.
         Voltando ao tema do blog, o motivo da descrição do evento acima é contextualizar a razão por eu ter retornado por um momento às raízes, e resolvido fazer novamente um english longbow. Se notarem na foto dos componentes da patrulha, que é o grupo que atira junto durante o torneio, fazendo o circuito junto e atirando nos mesmos alvos,providenciei competindo em modalidades diferentes, na foto vemos um arco composto, dois longbows tradicionais e um longbow histórico, que era absurdamente parecido com o primeiro arco que fiz, e isto me despertou um saudosismo que me levou a retornar aos primeiros passos como bowyer.

         O primeiro passo foi tirar a poeira do meu n°1 e ver se ele tinha condições de voltar a ativa, fiz uma redução de potência nele de 60 para 45 libras e colei um backing experimental de couro de sola, que se mostrou eficaz, contudo pelos quase 15 anos que o arco tinha, um pequeno ponto de compressão apareceu na lamina inferior, o que depois de algumas centenas de tiros tirou o arco de funcionamento. Mas ao invés de me desanimar, os tiros que pude disparar novamente com o velho longbow me deram animo para tentar uma nova empreitada.
         Com um pedaço de ipê que estava guardado a um bom tempo, e uma tira de couro crú comprada com este propósito, iniciei o trabalho de confecção do novo arco. Um pouco diferente do usual para selfbows com backing de couro, eu não iniciei o tiller sem o backing, mas apenas preparei as costas do arco, seguindo o melhor possível a linha de crescimento, e fiz a colagem do couro. Não usei epóxi nem nenhuma cola especial, mas sim cola comum de madeira que avaliei ser a melhor opção para o tipo de colagem. Fui dando forma ao arco, que é um trabalho bem objetivo nos longbows por não ter nenhuma preocupação com curvas e formatos quaisquer. Com o tiller praticamente pronto consegui algo em torno de 45 libras na minha puxada, o que para mim estava ótimo pois não pretendo usar para caça, mas sim para participar novamente dos torneios field.
Para casar com o estilo histórico medieval do arco, providencie flechas com penas brancas e pontas imitando as pontas medievais e fiz um enrolamento com fio de poliéster encerado nas penas, ficando devendo apenas os selfnocks com inserts de chifre ou madeira, mas com a desculpa de que as flechas tem por objetivo a competição.
         No punho dei acabamento em couro camurça, arrematado com linha de poliéster encerado, sem janela e sem rest a flecha é atirada apoiada sobre a mão, bem ao estilo Robin Hood.








Depois de devidamente testado e amaciado, esculpi
 e colei nocks de chifre, bem ao estilo medieval.


O aspecto do couro cru, com acabamento "marmorizado" deu um toque rústico ao arco.  Como é um protótipo ainda está em fase se testes de durabilidade, mas ja me proporcionou ótimos momentos de lazer e bons agrupamentos.

Espero que tenham gostado!

Um abraço e bons tiros!